ORAÇÃO E COMBATE ESPIRITUAL, POR LUIZ CEZAR MARTINS

   Luiz Cesar Martins
   Coordenador Estadual da RCC
   Curitiba
  


ORAÇÃO E COMBATE ESPIRITUAL
Publicado em: 28/07/2011
 
Tempo de lançar as redes, tempo de construção e reconstrução... Em épocas que as atividades da missão são intensas, sabemos que também é preciso intensificar a oração.  Pensando em fornecer subsídios que auxiliem os carismáticos em suas caminhadas de fé, a Revista Renovação inicia nessa edição, uma série de artigos sobre oração. O texto a seguir nos ajuda a entender melhor sobre a batalha espiritual.
"No momento em que fazemos nossa primeira profissão de fé, recebendo o santo Batismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e tão completo que não nos resta absolutamente nada a apagar, seja do pecado original, seja dos pecados cometidos por nossa própria vontade, nem nenhuma pena a sofrer para expiá-los. (...) Contudo, a graça do Batismo não livra ninguém de todas as fraquezas da natureza. Pelo contrário, ainda temos de combater os movimentos da concupiscência, que não cessam de arrastar-nos para o mal". (Cat 978)
A palavra combate pode ser traduzida como o ato de batalhar, lutar contra. No sentido espiritual, combate é batalhar contra os inimigos que tentam nos afastar de Deus e da Salvação e, sempre que estamos envolvidos na oração, há um aumento deste combate. É a luta espiritual, que em certo sentido se dá sempre quando oramos. Esta é a luta permanente que todo o cristão enfrenta contra o mundo, contra a sua própria natureza e contra o demônio.
Como nos diz São Macário,"Nossa vida é um combate espiritual com espíritos malignos invisíveis. Eles nos provocam através de nossas fraquezas e paixões e nos incitam a desobedecer aos mandamentos de Deus. Quando olharmos com discernimento, descobriremos que para toda paixão há uma cura, um mandamento oposto; portanto, os inimigos da humanidade tentam nos afastar desta cura salvadora."
São Paulo afirma que este combate se trava contra nós (cf. Ef. 6,12). Satanás sabe que não teria nenhuma chance em uma eventual luta contra Deus, pois o Senhor tem poder para destruí-lo com o sopro de sua boca (cf. IITs. 2,8). Então, ele tenta atingir o homem fazendo guerra contra a Sua Igreja. Sim, estamos em combate, e como bons combatentes precisamos estar aparelhados e bem treinados. É necessário, no entanto, permanecer firmes sem jamais desanimar, como nos orienta a Palavra de Deus em Efésios 6,10 – “fortalecei-vos no Senhor”. Essa palavra quer nos dizer: adquira força espiritual. Fique alerta, o maligno anda ao redor buscando a quem possa devorar (cf. IPe. 5,8)!  Lembre-se que ao se tornar cristão você entrou diretamente num antigo campo de batalha e tem um triplo inimigo: o mundo, a carne e o demônio.
Para que entremos no campo de batalha conhecendo as estratégias dos inimigos, vamos rapidamente examinar cada um deles. Primeiro, o mundo. Quando a Bíblia fala “do mundo” refere-se ao sistema culpado, rebelde do mundo. Isso não significa que o mundo é mal em sua essência. Como diz o catecismo, a criação é perfeita: “Deus é infinitamente bom e todas as suas obras são boas” (385).  O entendimento de mundo aqui é aquele referenciado na passagem de Jo 3,20, o mundo que gosta das trevas e odeia a luz, que é dirigido “pelo deus deste século” (IICor 4,4), “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2,2).
O segundo inimigo é o demônio. Ele é conhecido como “o deus deste século”, pois “o mundo jaz sob o maligno” (I Jo 5,19). Jesus o definiu como um ladrão que vem para “matar, roubar e destruir” (cf. Jo. 10,10).
O terceiro inimigo é aquilo a que a Bíblia chama “a carne”. É a nossa natureza culpada. O campo de batalha desse inimigo é o nosso pensamento. Tudo o que vemos e ouvimos é processado em nosso pensamento, por isso podemos dizer que ele é o centro dos nossos apetites. Sendo assim, sempre fazemos uma escolha antes de pecar. O pecado se concretiza, porque não refletimos antes de pecar. A Bíblia avisa que a cobiça precede o pecado e o pecado, quando é concebido, conduz à morte (Tg 1, 14-15). Cada dia da nossa vida, temos que fazer uma escolha: pecar ou não pecar. Eis aí o combate do dia-a-dia!
Na Palavra de Deus e na vida dos santos da Igreja encontramos muitas dicas importantes e práticas sobre como combater estes inimigos. Em Efésios 6,13-18 encontramos uma descrição da armadura espiritual que Deus nos concede. Devemos resistir firmes com o cinturão da verdade, a couraça da justiça, o Evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação, a espada do Espírito e a oração. Concretamente, devemos fazer o pacto com a verdade contra as mentiras do demônio. Por fim, devemos manter a certeza de que Jesus já adquiriu para nós a salvação e nenhuma força espiritual nos poderá retirá-la. E a espada do Espírito que é a Palavra de Deus deve ser a nossa principal arma de ataque.
Ao apresentar estas armas espirituais, São Paulo, em Efésios 6,13, diz a intenção: “para que possais resistir no dia mau.” Esta expressão, “resistir” manifesta a ação de lutar, proteger-se, combater, permanecer firme.  O conceito que explica esta expressão é o de não recuar perante os ataques do inimigo para não lhe dar qualquer vantagem ou vitória. Podemos ter a certeza de que ao fazer uso destas armas de defesa, o inimigo vai reagir, e nesta hora precisamos permanecer firmes,  resistindo sem recuar.
Mas como resistir e combater estes inimigos tão poderosos? Quando Paulo menciona a armadura, ele tinha em mente o soldado romano aparelhado para a guerra.  A comparação que Paulo faz é que todo cristão deve estar revestido do Senhor Jesus.  Todas as partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo cristão através do Espírito Santo por meio da disciplina na oração, nos sacramentos, no estudo e na vivência da Palavra.
A Palavra de Deus em Efésios 6,12 diz ainda que não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades. No entanto, tão somente poderemos "enxergar" essas forças espirituais malignas com os olhos da fé, mediante muita comunhão com Deus, através da oração.
 A oração fortalece, dá discernimento e abre os olhos espirituais para que se enxergue o inimigo e suas astúcias para que se obtenha êxito em combatê-lo. É, portanto, uma arma poderosa e imprescindível no combate espiritual contra o demônio e seus comparsas.
Através da oração o cristão é revestido do poder de Deus, habilitando-se, assim, para o combate. Quando os discípulos expuseram a Jesus que não conseguiam expulsar certos demônios, o Senhor ensinou-os dizendo que era necessário jejum e oração. Foi somente quando aprenderam a orar e jejuar que o resultado foi visível: anunciavam o Evangelho com unção, poder e autoridade; almas se rendiam a Cristo, demônios eram expulsos em nome de Jesus, e os enfermos eram curados de toda sorte de doenças e enfermidades!
“ Peçam e lhes será dado; busquem e encontrarão; batam e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta”. (Mt. 7,7-8).
Estas foram as palavras de Jesus aos seus discípulos numa das ocasiões em que Ele lhes ensinou acerca da oração. Todo discípulo de Jesus precisa ter o desejo de aprender a orar e, mais do que isso, precisa aprender a usar a oração como uma poderosa ferramenta do seu ministério. Na guerra espiritual em que estamos inseridos, não lutamos contra pessoas, por isso as nossas armas não são físicas, mas espirituais (cf. IICor 10,3-4 ).

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